Thursday, June 21, 2007

CRÔNICAS DO TEMPO: (O outro lado do Chinfrim)

LADY DI. E ELA DEU.

Lá já se vão o quê? Dez, vinte, trinta anos de vida ininterrupta. Lembro de mim e meu amigo Rubens Ewald Filho, num cinema há o quê? Dez, vinte, trinta anos atrás, assistindo a Psicose, do imortal Hitchcock, que aliás já morreu, coisa do quê? Dez, vinte, trinta anos atrás. Na cena clássica do chuveiro, ele cutuca meu braço, a o quê? Dez, vinte, trinta centímetros do cotovelo, e diz, premonitório: o assassino é o filho. Como é, Rubens? O filho é a mãe, vamos embora. Fomos. Há poucos dias, coisa de dez, vinte, trinta meses atrás, estou com ele novamente em Hollywood, assistindo a première secreta do Código da Vinci, estrelado pelo penteado do Tom Hanks. Coisa de dez, vinte, trinta minutos de filme, na tela um velhote, no museu do Louvre, recebe um balaço no estômago e mesmo assim encontra disposição para colocar um bilhete atrás na Mona Lisa, tirar a roupa e reproduzir com seu próprio sangue e posição corporal o círculo de Da Vinci. Coisa do quê? Dez, vinte, trinta segundos, ele me cutuca. Jesus Cristo casou com Maria Madalena, teve filhos e a atriz francesa que ainda não apareceu é a descendente que sobrou. Vamos embora. Eu fui. Rubens Ewald Filho ficou, para sempre, no espaço que ele mais gostava, a cadeira de cinema, engasgado com o pacote de popcorn que eu enfiei na sua garganta.
O povo brasileiro não tem memória. Ninguém percebeu que hoje, fazem exatamente o quê? Dez, vinte, trinta alguma coisa que minha amiga Lady Di morreu. Ligo para Elton John, em Londres, a cobrar. Ele não atende. Muito bem, eu pago a ligação. Elton, eu digo, thank you. Obrigado por ter dedicado Candle in the Wind para Diana. Nem todo mundo requenta uma canção feita há dez, vinte, trinta anos atrás para Marilyn Monroe e passa como nova para a nossa eterna princesa. Ela ainda está morta, eu ouço ele dizer. Sim, Elton, eu digo, e vai continuar assim por o quê? Dez, vinte, trinta eternidades.

No comments: