Estávamos eu, Maradona e Messi num restaurante em Buenos Aires que, como todos sabem, é a melhor cidade do mundo. O restaurante chamava-se El Mejor del Mundo e éramos atendidos por Miguelito, o melhor garçom de todos os tempos. Discutíamos se Messi, o melhor do mundo depois do melhor do mundo, que sempre foi Maradona, deveria jogar pelo Boca Juniors, que é o melhor clube do mundo. O assunto veio à mesa porque estávamos fazendo uma retrospectiva da carreira de Messi e chegávamos à instigante conclusão que Messi não tinha passado. Ninguém sabe onde Messi jogou antes de aparecer fazendo zigue-zagues com a bola nos gramados espanhóis. Ninguém viu Messi num bairro pobre de Buenos Aires fazendo embaixadinhas com uma bola velha, ninguém sabe se Messi era pobre. Pode-se dizer que Messi é um sujeito legal, até humilde, o que o descredencia mesmo para ser argentino. "Jo tengo uma história", bradou Maradona, pondo sobre a mesa o que ele dizia ser sua biografia, a Bíblia. "Pero Messi...". Tinha razão o Portentoso, o passado de Messi é como um filme autoral brasileiro, pode até existir mas ninguém viu.
